Este homem de 80 anos apresentou anemia microcítica, cuja causa (câncer de cólon) só foi descoberta dois anos após a apresentação inicial.
O primeiro passo na avaliação de uma anemia de início recente em idoso é definir sua etiologia. Para isso, história clínica e exame físico bem feitos são essenciais, juntamente com a análise cuidadosa do hemograma e alguns exames como: reticulócitos, função renal, perfil de ferro, vitamina B12, folato e provas inflamatórias.
A causa mais comum (e a mais provável neste paciente) é a anemia ferropriva, que pode ser causada por ingesta inadequada, má-absorção ou perda crônica de sangue.
Em idosos com anemia ferropriva, é fundamental a pesquisa de focos de sangramento oculto no trato gastrointestinal (TGI), fonte mais frequente de perda crônica de sangue. Cerca de 20% a 40% têm origem no TGI superior (esôfago, estômago e duodeno) e 15 a 30% vêm do cólon.
Infelizmente, nem sempre essa pesquisa é feita de forma imediata. Um estudo seguiu 300 pacientes que procuraram um clínico geral com queixa de sangramento retal e observou que uma colonoscopia foi solicitada em apenas 74% dos casos, e apenas 56% dos pacientes realizaram esse exame dentro de um ano.
Como nem sempre o paciente tem sintomas indicando a fonte do sangramento, e como nem sempre é claro se um achado num exame endoscópico representa a verdadeira causa de um sangramento oculto, os guidelines recomendam que a investigação seja feita com endoscopia dupla (alta + baixa) na maioria dos idosos com anemia ferropriva.