No contexto médico, as condições de trabalho que forçam tomadas rápidas de decisão e o acesso precário a informações do paciente contribuem muito para esse tipo de erro.
Nos casos em que um indivíduo é assistido por vários profissionais, fica claro como a falta de comunicação entre eles e de longitudinalidade do cuidado acabam sendo fatores essenciais para perpetuar o problema.
Somado a isso, o aumento da expectativa de vida e sua relação direta com o uso de um maior número de remédios eleva as chances da cascata de prescrição.
As cascatas de prescrição são mais comuns quando múltiplas terapias são prescritas.
Por isso, apesar de poder acontecer em qualquer idade, a cascata de prescrição é bem mais comum em idosos. Mais remédios, mais efeitos adversos.
Interessante lembrar que os próprios processos fisiológicos do envelhecimento podem ser confundidos como causas de um novo sintoma – por exemplo, o delírio -, tornando cada vez mais difícil atribuir tais problemas a uma medicação.
Durante nossa prática clínica, é imprescindível analisar a causalidade de uma possível reação adversa medicamentosa.
Em outras palavras, precisamos sempre verificar se existe alguma probabilidade de que um novo sinal ou sintoma seja consequência de um medicamento em uso pelo paciente.
Nem sempre essa é uma tarefa fácil!
Mas, calma: existem instrumentos que nos ajudam nesta tomada de decisão. Principalmente em situações em que as cascatas não são tão conhecidas.
O Algoritmo de Naranjo, por exemplo, é um questionário que atribui pontuações para dez perguntas e determina um score de probabilidade para a ocorrência de uma reação adversa com um determinado medicamento.