Este provavelmente é um fator muito importante por trás da esmeraldite.
É comum que os médicos dividam o mundo em duas grandes categorias:
1) os médicos;
2) os pacientes.
Por isso, quando médicos adoecem, pode haver muita dificuldade para aceitar a nova condição de pacientes. Em suas mentes, eles são os que tratam, e não os que são tratados.
Decorre daí que médicos-pacientes não querem se encaixar em nenhum tipo de rotina ou fluxo de atendimento. Eles querem um atendimento diferenciado, “afinal somos colegas!” Querem ser a exceção.
Querem a famigerada “olhadinha nos exames”, ou a perigosa “consulta de corredor”, ou, horror dos horrores, a “opinião no WhatsApp.” (Ai do pediatra que atende filhos de médicos!)
Quando vão ao consultório, não querem ficar na sala de espera. Exigem atendimento fora de hora. Chegam sabendo seu próprio diagnóstico. Já trazem os exames que fizeram “para adiantar as coisas.” Às vezes escondem informações. Às vezes querem ajudar tanto que atrapalham.
Se o médico-paciente é conhecido e influente, pior ainda. Segundo o Dr. Antonio Techy, “quanto mais importante se ache o indivíduo, maior dificuldade ele criará no relacionamento médico-paciente.”
Caso precisem de cirurgia, tem que ser no hospital que eles escolherem, a anestesia tem que ser diferente, e eles querem ter alta antes.
E aí dá tudo errado!
Essa quebra dos protocolos acaba sendo um fator que compromete a segurança do processo. Todo atendimento médico funciona melhor, é mais seguro e tem melhores resultados quando feito do jeito certo, seguindo os padrões e as rotinas a que todo médico está habituado.
Abrir exceções é aumentar as chances de erro – um convite à esmeraldite!
Fantástico..
Saludos desde Paraguay..
Texto interessante e bastante esclarecedor!! Mesmo ainda na posição de estudante, noto que há mesmo resistência em procurar atendimento médico por parte dessa classe de profissionais e tendência em subestimar os próprios sintomas. “Em casa de ferreiro…”
Adorei o texto!
Eu lembrei da expressão que usávamos nos plantões do internato, quando chegava algum paciente médico ou parente de médico, ” Atenção, esse é CRM positivo!”
Essa condição é um desafio a mais para enfrentarmos na rotina da profissão…
De fato Cristiane, esse tipo de comentário é constante! Espero que tenhamos ajudado a explicar as causas desse estranho fenômeno. Um abração,
Excelente análise. Nós chamamos de sinal da esmeralda positivo ou Síndrome da Esmeralda. Eu e meu marido somos pediatras e já positivamos inúmeras vezes…Minha primeira gestação foi ectópica. Meu filho aspirou mecônio e a terceira e última gestação foi um aborto retido com direito a tromboflebite é um mês de complicações… Agora minha nora fez toda preparação para parto vaginal, chegou a 9 cm de dilatação e 6 horas de trabalho de parto acabando em cesárea… Fez mastite, abcesso drenado e está há 2 meses “ saindo leite” pela cicatriz . Meu neto com 20 dias fez uma balanopostite que ninguém conhecido já havia visto numa criança tão novinha e acabou na UTI neo para antibiótico EV …, enfim CRM super positivo e por procuração. Agora todos bem e esperando que o quadro tenha sido resolvido, para sempre. Abraços
Olá Silvana, obrigado pelos comentários e pelas histórias. Um abraço,
Excelente! “Pôs o dedo na ferida”. Precisa ser lido por todo médico. Repasso para grupo de colegas.