Em ano de Copa do Mundo, sempre se ouve aquela frase batida: “futebol é uma caixinha de surpresas”.
Veja a figura abaixo: se o jogador bater o pênalti em algum desses cantos, podemos ter certeza de que ele vai marcar o gol?
Claro que não!
Podemos estimar a probabilidade de o jogador realmente marcar o gol, se chutar em cada um dos cantos (como na figura acima) – mas sempre vai sobrar algum grau de incerteza.
Medicina também é assim!
Entre tantas dificuldades no caminho para o diagnóstico, uma das maiores é lidar com a incerteza. Frequentemente não a reconhecemos, mas a incerteza está o tempo todo ao nosso lado. Temos que reconhecer que ela existe. Também temos que prestar atenção às nossas próprias reações diante das situações incertas, que fazem parte do cotidiano de todo médico.
Lidar com a incerteza pode trazer desconforto e angústia, principalmente se ela não é claramente percebida ou trabalhada.
Por isso, vamos trazer esta série especial de três posts sobre a incerteza na Medicina. Com isso, esperamos que você possa identificar as fontes de incerteza na Medicina, entender as suas repercussões e desenvolver maneiras de lidar com isso.
Neste primeiro post, falaremos sobre:
No final, trazemos um bônus especial: um teste, com apenas 7 itens, para medir o quanto você tolera a incerteza!
Se você observar um diálogo entre médicos, perceberá que expressões como “talvez”, “é pouco provável” ou “é possível” surgem com muita frequência. Isso porque certezas absolutas ou incontestáveis são raras em Medicina! O mais comum é estarmos o tempo todo diante de:
– Probabilidades
– Ambiguidades
– Complexidade
Veja com calma o quadro abaixo e tente identificar se, como estudante ou médico, você encontra alguma dessas fontes de incerteza no seu dia a dia:
E aí?…
Com certeza você encontrou muitos fatores que causam incerteza na sua vida!
Quais reações temos diante daquelas situações em que não conseguimos ter muita clareza sobre a natureza do problema, ou sua causa, ou seu prognóstico? Como reagimos diante do risco de errar, deixar passar algum diagnóstico, ou até da morte?
O impacto das reações individuais à incerteza nas decisões e na vida pessoal do médico é muito grande!
Pesquisas comprovam que não saber lidar com incerteza / ambiguidade se associa a:
Algumas pessoas têm, naturalmente e como traço de personalidade, uma capacidade maior de tolerar a incerteza. Outras pessoas a toleram menos, e percebem situações de ambiguidade, novidade ou complexidade como diretamente ameaçadoras – e dessa maneira respondem de maneira negativa, defensiva.
Porém, independente da sua personalidade, tolerar a incerteza é também uma habilidade que pode (e deve) ser adquirida e cultivada, desde o começo da faculdade!
De fato, pesquisas mostram que médicos com mais tempo de formados apresentam uma melhor performance, com níveis mais altos de tolerância, em testes que avaliam as reações à incerteza.
Por outro lado, profissionais médicos com maiores níveis de tolerância à incerteza e à ambiguidade costumam ter uma vida pessoal e profissional mais tranquila e saudável.
Abaixo estão listados alguns dos benefícios de se ter uma boa tolerância à incerteza e à ambiguidade:
Infelizmente, ainda não há muitas abordagens consagradas para ensinar isso na faculdade. Mas não tem jeito! Para aprender a nadar, só nadando.
Comece, então, reconhecendo como são as suas reações, especialmente aquelas de ansiedade, insegurança e medo.
Faça o teste abaixo e confira se você tem boa tolerância à incerteza e à ambiguidade, ou se precisa trabalhar mais este aspecto da sua vida!
Depois de responder, anote o seu resultado.
Para comparar seu resultado com o de outros médicos, clique no botão logo abaixo e você vai ter acesso a um arquivo com a pontuação de estudantes e médicos de várias especialidades nesse teste!
Neste post buscamos, antes de tudo, mostrar a presença universal da incerteza na Medicina e o seu impacto emocional sobre o médico.
No próximo post desta série sobre a incerteza, explicaremos em maiores detalhes como lidar melhor com as incertezas da profissão médica, e com isso melhorar o seu autocontrole e as suas habilidades de diagnóstico.
Não perca!
Hillen MA et al. Tolerance of uncertainty: Conceptual analysis, integrative model, and implications for healthcare. Social Science & Medicine. 180(2017): 62-75.
Autor: Fabrizio Almeida Prado
Você pode referenciar o artigo acima usando o Digital Object Identifier (Identificador de Objeto Digital) – DOI.
DOI: 10.29327/823500-36
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