Uma mulher de 37 anos, portadora de esclerose múltipla, precisou ser internada há 15 dias devido a um surto da doença (perda aguda de força em membros inferiores).
Ela foi tratada com metilprednisolona em altas doses e evoluiu com melhora significativa dos novos déficits neurológicos após alguns dias.
A equipe médica começou a programar sua alta hospitalar, com a esperança de que ela pudesse continuar sua reabilitação de forma ambulatorial. No entanto, os fisioterapeutas que a acompanhavam durante a internação relataram que ela estava com muita dificuldade de acompanhar as atividades, o que foi inicialmente atribuído à perda de condicionamento físico.
Conversando melhor com a paciente, descobriu-se que ela tinha, na realidade, dispneia durante as sessões de fisioterapia, limitando a sua tolerância a exercício.
Segundo ela, essa dispneia manifestou-se em todas as sessões de fisioterapia desde que ela foi internada, e vem se mantendo de forma constante, sem melhora nem piora nos últimos dias.
Ela também lembra de já ter tido sensação de dispneia ocasionalmente antes da internação, em casa, ao tentar fazer algum esforço, mas ela “não prestou muita atenção nisso” pois estava mais preocupada com sua esclerose múltipla.
A paciente nega dispneia em repouso, febre, tosse, expectoração, sibilância ou hemoptise. Durante toda a internação, foi medicada com heparina de baixo peso molecular em dose profilática.
Ela não faz uso de álcool, tabaco ou drogas ilícitas.
Ao exame físico (no 15º dia de internação), ela encontra-se em BEG, corada, orientada no tempo e no espaço, confortável em repouso, afebril, com frequência cardíaca 80bpm, pressão arterial 110x70mmHg, frequência respiratória 24rpm e saturação de O2 97% em ar ambiente.
No segmento cefálico, notava-se a pulsação venosa jugular a 5cm acima do ângulo esternal (a 45º). Não apresentava linfadenomegalias nem bócio.
O exame do aparelho respiratório era inocente, sem alterações.
Na ausculta cardíaca, os membros da equipe médica discordaram entre si: uns acreditavam que as bulhas cardíacas estavam normais, enquanto um médico relatou ter ouvido uma terceira bulha (B3) e outro afirmou que ela tinha um desdobramento fixo da segunda bulha.
Em membros, notava-se força muscular grau 4+ em membros inferiores e grau 5 no restante. Não havia baqueteamento digital e nem edema.
A radiografia de tórax era normal.