A estrongiloidíase é uma parasitose intestinal endêmica em países tropicais e subtropicais, inclusive no Brasil. As larvas filariformes, presentes no solo, podem penetrar a pele e deslocar-se para o intestino delgado, passando pelos pulmões.
Na maioria dos casos, a infecção é assintomática ou oligossintomática. Nos casos sintomáticos, pode haver manifestações intestinais, pulmonares e/ou dermatológicas.
As manifestações intestinais são variáveis, podendo incluir distensão abdominal, flatulência, cólica, anorexia, náuseas e vômitos, até diarreia, esteatorreia e desnutrição.
Entre as alterações pulmonares, pode-se observar desde quadros leves com tosse seca e dispneia aos esforços até quadros graves com broncoespasmo e edema pulmonar, geralmente associados a eosinofilia severa (síndrome de Loeffler), podendo haver confusão com outros quadros respiratórios como a asma alérgica grave ou a exacerbação de DPOC, como na paciente deste caso.
Quanto às lesões de pele, são geralmente causadas pela penetração ou migração das larvas no tegumento, e podem apresentar-se como urticariformes, maculopapulares, serpiginosas ou linear pruriginosa migratória (“larva currens”). A infecção aguda pode resultar numa erupção pruriginosa no local em que as larvas penetram a pele (“ground itch”).
Púrpura cutânea é uma manifestação rara da estrongiloidíase disseminada ou da síndrome de hiperinfecção. Resulta da migração maciça de larvas do Strongyloides stercoralis através dos vasos intradérmicos. Uma série de casos mostrou que a localização característica dessa púrpura é periumbilical e na porção proximal dos membros inferiores, como visto nesta paciente. Provavelmente, essa localização decorre da migração de larvas através das veias mesentéricas para a circulação portal.
Veja imagem abaixo, de um relato de caso publicado no JAMA Dermatology:
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