Confira aqui a continuação do nosso Webcaso #1: Uma dor que não passa.
Recebemos 46 respostas de todos os cantos do Brasil.
As hipóteses enviadas por nossos leitores estão representadas na nuvem de palavras (word cloud) abaixo:
Ao exame físico, nossa paciente aparenta estar em bom estado geral, orientada, corada, hidratada, anictérica, porém desconfortável devido à dor abdominal.
Sinais vitais: FC 92bpm com batimentos irregulares, PA 130x80mmHg, FR 12irpm, temperatura 37,6ºC, saturação de O2 98% em ar ambiente.
O abdome está plano, sem distensão, com ruídos hidroaéreos normais, sem hepatoesplenomegalia. Há uma discreta piora da dor à palpação profunda de hipocôndrio esquerdo, sem descompressão brusca.
Não há outras alterações ao exame físico.
Caso interessante, não é mesmo?
O hipocôndrio esquerdo não é uma região de dor muito típica.
Se a dor fosse, por exemplo, em hipocôndrio direito, com certeza pensaríamos numa colecistite aguda.
Também chama a atenção o fato de que a dor é aguda, sem fatores de melhora ou piora, em uma paciente previamente hígida.
Por onde começamos a analisar este caso?
Uma estratégia seria tentar fazer um diagnóstico sindrômico.
Podemos dizer que se trata de um abdome agudo?…
Abdome agudo é qualquer quadro abdominal de início súbito que requer diagnóstico e terapêutica o mais rápido possível.
O abdome agudo pode ser classificado em cinco tipos: obstrutivo, perfurativo, inflamatório, vascular ou hemorrágico.
(Veja a tabela abaixo e também a animação ao final deste post!)
Outra maneira de iniciar nossa avaliação é usar o relógio da dor abdominal, que nada mais é que, a partir da localização das horas do relógio, pensar em possíveis estruturas acometidas.
Neste caso poderíamos também incluir no nosso diagnóstico diferencial, além de doenças das vísceras abdominais, uma possível síndrome coronariana aguda.
Mas existe um dado no exame físico desta paciente que, para quem já tem prática clínica, dispara um alerta: o pulso irregular.
O eletrocardiograma (abaixo) mostrava uma fibrilação atrial.
E agora?
Você já sabe qual é o diagnóstico?
Se não sabe, ou não tem certeza, não deixe de assistir ao vídeo abaixo, onde o Dr. Fabrizio Prado discute todos os detalhes deste caso e revela o diagnóstico final da nossa paciente!
A formação do trombo durante o episódio de FA pode estar relacionado com a tríade de Virchow, você se lembra dela?
Quando os trombos formados no interior do átrio se deslocam, eles passam a se chamar êmbolos, e podem atingir qualquer órgão ou tecido, causando uma ampla gama de sintomas, a depender do órgão acometido.
Portanto, a presença de fibrilação atrial fortalece a hipótese diagnóstica de abdome agudo vascular (isquêmico).
Veja no final um quadro-resumo com alguns tipos de embolia:
Colaboração: Jessé Trinck Salvador e Alexandre Bissoli.
Confira esta incrível animação que nossos colaboradores Alexandre Bissoli Junior, Jessé Trinck Salvador e Guilherme Trigo fizeram para ilustrar os cinco tipos de abdome agudo:
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